De onde vem essa musa errante, que se apresenta sob a forma de uma aliada invisível? E por que razão ela insiste em elevar meus sentidos, entrelaçar meus pensamentos, materializar meus sonhos outrora impossíveis e superar o medo presente da indiferença alheia?
Quais são os interesses ocultos que ela pode ter em fornecer seu brilho gratuitamente? Ao questioná-la com esse ar desconfiado, sei que posso ofendê-la, mas prefiro perdê-la verdadeiramente a mantê-la inerte, como erroneamente fiz com algumas das musas reais que tive, e que hoje são somente lembradas como ilusões passageiras em minha vida.
E se ela se mantiver mesmo assim, tão nobre? Que eu me entregue então eternamente a essa misteriosa, que já imaginei como se fosse uma amiga fiel, uma amante voraz, ou uma paixão desconhecida; essa que é a tempestade que devasta em minutos minhas linhas em branco, transformando-as em versos; essa, cujas carícias proliferam perfeitas no íntimo do meu ser. Essa, a quem simplesmente chamo INSPIRAÇÃO.
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