quinta-feira, 19 de junho de 2008

Seleção sem povo (Ruy Castro).

O excelente jornalista e escritor Ruy Castro, há um ano, escreveu esta crônica. Muito atual, por isso a transcrevo para vocês, amigos e amigas... ela me fez lembrar daquele desabafo de torcedor frustrado, que escrevi em novembro de 2007, que se encontra através do link:
http://italo-jr.blogspot.com/2007/11/morumbi-21-de-novembro-de-2007.html


SELEÇÃO SEM POVO [18.06.2007]

De 1958 a 1982, o Brasil teve um caso de amor com sua seleção de futebol. E ela fazia por onde: venceu três Copas do Mundo, jogou partidas memoráveis no Maracanã e no Morumbi e consagrou três gerações de jogadores. Havia mais craques na praça do que vagas no time, e nada superava a honra de uma convocação.

Fora da seleção, esses jogadores entravam em campo todos os domingos por seus clubes - nossos clubes. Podiam ser amados ou odiados no fragor doméstico, mas, no que vestiam a camisa amarela, cessava o vodu. A seleção tinha até torcedores próprios, e não apenas entre os que só se ligam em futebol na Copa por um vago ardor patriótico.

Mas isso acabou. A seleção é, há muito, um feudo de jogadores que atuam no exterior, defendendo camisas com as quais nada temos a ver. Por vários motivos, também não a assistimos em nossos estádios - há sete anos, por exemplo, ela não joga no Rio. E, como aconteceu na última Copa, a seleção, convocada na Europa, não veio ao Brasil nem para pedir a bênção do povo que representava. Deu no que deu.

As razões são muitas, mas o fato é que a seleção se divorciou do povo. Não é mais o Brasil. Reduziu-se a uma legião estrangeira que, mecanicamente, canta o hino antes do jogo. Ex-ídolos nacionais como Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho preferem jogar por seus milionários clubes que pela seleção. E estão certos: só quem vai à Europa sabe o que eles representam em paixão para os torcedores desses times. São deuses em Milão, Barcelona, Madri.

Vem aí uma opaca Copa América. Os craques a desprezam e a torcida brasileira, com razão, também não está nem aí. Qualquer campeonato local envolvendo o Arapiraca, o Botucatu ou o Cascavel será mais emocionante, se um desses for o nosso clube de coração. A camisa precisa estar perto do peito.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Colóquios de um Boêmio Cantador.

Prefácio

Com um título como este, não resta muito a dizer sobre o que se pode esperar desta obra que, longe de ser um clássico ou um "best-seller", tem como principal objetivo apresentar aos seus leitores um conjunto despretensioso de crônicas e devaneios na forma de textos, criados em momentos dispersos, que foram acumulados ao longo dos últimos dois anos, além de algumas letras para canções em sua maioria românticas, estas normalmente compostas de alegria sonhada ou de dor abafada, algumas vezes à luz da sobriedade, outras, à sombra de sentimentos que só podem ser despertados nas noites sem fim; muitas vezes no intuito de provocar apenas e tão somente sorrisos efêmeros, mas, em outras tantas, de transmitir opiniões e delinear pensamentos perenes.

Ou não. Sempre senti que cada palavra que eu escrevo elimina um pequeno fardo do celeiro dos sentimentos que a vida não me permitiu viver na totalidade, sendo talvez esta a única forma que encontrei de compartilhá-los com os leitores que assimilem e transformem toda essa energia potencial em ações ou, ao menos, imaginações inesquecíveis.

De qualquer forma, independentemente da tiragem ou do número de edições que venham a existir futuramente, levo comigo a certeza de que cada uma das pessoas que tiver acesso a este livro sentirá, a cada linha que for lida, o meu sincero agradecimento a si e a todos aqueles e aquelas que participaram comigo no processo de sua publicação, seja com críticas ou sugestões, seja simplesmente como fonte de inspiração, cujos nomes, para evitar quaisquer omissões ou injustiças, manterei no anonimato, porém indeléveis, para sempre, em meu coração.

Muito obrigado e bem-vindos à boemia!

domingo, 15 de junho de 2008

Variações de um mesmo amor.

...

O amor que recebo (pode ser / pode não ser)
o amor que quero (mas é / mas não é)
o amor que sonho (porém / pois)
o amor que preciso (é menor que / é maior que)
o amor que mereço.

Às vezes, penso no amor,
às vezes, amo só aquela em quem penso.

Às vezes, entendo a mim mesmo,
às vezes, não quero me entender.

Às vezes, curto o que escrevo,
às vezes, o que escrevo é curto demais.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Budapest e Viena.

Olá amigos e amigas! É bom estar de volta depois de algum tempo de silêncio neste blog. Como alguns já sabem, estive em viagem durante a semana que passou e tive oportunidade de visitar as duas belas cidades que menciono no título do nosso texto de hoje. Vou tentar levar vocês em fantasia para lá comigo, agora! Fechem os olhos... opa, não, melhor não, daí não dá para ler... Viajemos de olho aberto mesmo!

Em Viena, tive uma passagem rápida, de um só dia, na companhia de um colega de trabalho carioca (que rapidamente me designou para ser seu fotógrafo particular, apesar de minha total inabilidade com essas maquininhas). É uma cidade definitivamente glamurosa, com toneladas de cultura sendo exaladas de cada edifício, de cada esquina, de cada monumento dedicado aos mestres da música e da arte. A riqueza que se vê nos castelos da dinastia reinante na época do império austro-húngaro é algo de uma imponência indescritível. Vale ressaltar também os calçadões supermovimentados com pessoas das mais diversas origens, que dioturnamente superlotam os tradicionais cafés ao ar livre.

Budapest é um daqueles lugares que vale a pena se visitar. O Rio Danúbio, (que, creiam-me, pois não é piada, é a divisa entre Buda e Pest), as praças e os monumentos, os variados estilos arquitetônicos, uma combinação mágica de imagens que proporcionam uma atmosfera tão romântica que me fez desejar ter ao meu lado a mulher da minha vida, que desta feita, infelizmente porém, não pôde estar presente.

Portanto, não posso chamar de programa ideal para o local o city tour que fiz em um ônibus com outros 32 marmanjos dos diferentes cantos do mundo, que tinham em comum apenas os fatos de trabalharem na mesma empresa e de estarem todos ávidos por cerveja. Ah, para não ser omisso, havia também em nosso pequeno mundo de Marlboro uma simpática jovem senhora chinesa recém-casada e séria, além de uma não tão jovem senhora húngara apreciadora de Goulash que era nossa guia turística, logo, nenhum jaguara de plantão se daria bem no grupo.

Felizmente, o "Marlboro City Tour" durou só 3 horas. Programações variadas e situações mais interessantes se seguiram, como três passagens que registro aqui, que foram minhas preferidas:

1) A visita com direito a degustação em uma destilaria centenária de bebidas, nos arredores de Budapest, reconstruída e ultra-modernizada recentemente após ter sido praticamente destruída durante os anos de dominação soviética. Eles produzem um tipo de licor digestivo de alto teor alcoólico denominado UNICUM, ao qual são atribuídas propriedades de cura das mais variadas (combinava bem com o grupo em questão, tenho certeza que vocês entendem o que quero dizer... hehehe);

2) O jantar no restaurante Fortuna, localizado no distrito dos castelos, onde existe uma câmara no subsolo, praticamente uma caverna, que abriga uma pequena linha de produção artesanal de espumantes, na qual os visitantes famosos, ao longo dos últimos séculos, produziram seus próprios espumantes originais, que permanecem em exposição na tal câmara, desde fabricados. Um verdadeiro museu etílico (dizer que também combinava com o nosso grupo de visitantes é desnecessário);

3) A cômica pelada de futebol disputada entre meus colegas de empresa, numa grande fazenda de criação de cavalos e muitos outros bichos, localizada em uma zona rural distante cento e poucos quilometros ao sul de Budapest. Afinal, de que outra forma poderia acabar uma visita a um lugar com tanto gramado plano disponível, tendo tanto homem junto??? Aliás, nunca vi tanto perna-de-pau por metro quadrado. Não me perguntem quem ganhou, pois eu dormi depois de ter bebido algumas cervejas e algumas doses de Unicum. Acordei com o característico barulho do violino da banda de música cigana, que iria animar nosso jantar com direito a performance de dança de três jovens casais em trajes típicos, sendo que os garotos executavam um tipo muito peculiar de sapateado, que de alguma forma me fez lembrar dos "Três Patetas" daquela série antiga de TV!

Evidentemente não pretendia cansar vocês com tantos detalhes da viagem, mas acho que me distraí e já os cansei... hehehe... Abraços,

P.S: Indico abaixo, para aqueles que tiverem interesse, os links para os sites oficiais de informações túristicas de Budapest e Viena:
http://www.budapestinfo.hu/en
http://www.wien.info/