quinta-feira, 20 de março de 2008

Feliz Páscoa.

A poucas horas de fechar as gavetas para mais um feriado prolongado, percebi que, desde que me conheço por gente, pela primeira vez na vida, no ano em que completarei quarenta anos, me encontro sem quaisquer planos para os dias de folga que se aproximam.

Nem viagens por estradas deterioradas, nem esperas intermináveis em aeroportos entupidos de gente, nem visitantes para ciceronear, nem churrascos, nem cantorias. Nada marcado de sexta a domingo.

Acho que vou aproveitar todo esse tempo livre para me lembrar das Páscoas passadas. Tentarei repassar uma a uma, desde a época em que eu acreditava no coelhinho, com aquelas festanças que reuniam toda a família, lá na pequena Rio Claro, no interior de São Paulo.

Acredito, que, em cada lembrança, surgirá um misto de alegria e nostalgia. Provavelmente, da maioria dessas Páscoas, eu sequer me lembre de alguma coisa além dos desejos de felicidade trocados em família (desses, por sinal, eu me lembro muito bem).

E na Páscoa deste ano, um desses desejos tão queridos, um telefonema em especial, me fará muita falta. Em compensação, tantos outros, os que ainda me são possíveis neste plano em que vivemos, serão certamente manifestados, começando agora mesmo:

Feliz Páscoa para você e sua família!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Alma de sonhador.

Nesses quase 7 anos morando aqui na Capital Ecológica, tive diversas chances de conhecer e me relacionar com vários tipos de pessoas. Pessoas amigas, pessoas pseudo-amigas, pessoas que gostariam de ser amigas mas vivem ocupadas demais, pessoas que provavelmente nunca serão amigas nem de si mesmas, enfim, pessoas e "pessoas".

Hoje me sinto à vontade para prestar homenagem a uma das pessoas mais pessoas que conheci em Curitiba, que é o Samuel Rangel, meu comparsa. Sem pieguices, nem rodeios, até porque, nossa amizade nos poupa de tais expedientes. O que tenho a dizer é que meu comparsa tem alma de sonhador e, nos seus sonhos, ele materializa um mundo de música, teatro e poesia, onde a vida das pessoas é muito melhor.

O bom é perceber que, a cada novo sonho, o Samuel melhora.

E se o Samuel melhora, o João Henrique melhora.

E a The Best Big Beautiful Black Brooklin Brothers Blues Band melhora.

E a Companhia Anjos Boêmios melhora.

E o mundo inteiro melhora.

Para quem quiser conhecer melhor a obra de Samuel Rangel, basta clicar ali em cima à direita, na minha lista de Blogs.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

As armadilhas da semântica.

A semântica (do grego σημαντικός, derivado de sema, sinal) refere-se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção de significado que se tenha, tem-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.

Alguma coisa me diz que esse texto terá múltiplas interpretações. Acho que até eu mesmo, se ao terminar de escrevê-lo, resolver parar para ler o que escrevi, vou entendê-lo de uma maneira diferente. Se é assim com o que se escreve e lê, imagine com o que se fala e escuta?

Durante essa semana, em duas daquelas não tão raras ausências do terreno seguro, porém entediante da sobriedade, me senti emboscado e quase acabei sendo capturado pelas armadilhas da semântica.

Nevou em Curitiba em 1979 apesar de ter nevado mais em 1975. Até agora não entendi porque recebi um torpedo assinado animalzinho. O Clube Atlético Paranaense foi fundado em 1924, fruto da união do Internacional e do América. E eu não acredito no He-Man!

Ainda bem que existe o "EU NÃO VIM", que nos dá aquela confortável sensação de se eu não lembro eu não fiz, para nos salvar desses momentos difíceis aos quais a embriaguez nos submete...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A Volta da Segunda Sem Lei.

Segunda-feira, casa cheia. Um público que não poderia ser melhor (salvas raríssimas ausências que certamente foram sentidas). A The Best Big Beautiful Black Brooklin Brothers Blues Band está de volta ao Botequim e, o melhor de tudo, é não precisar comentar nada. Obrigado!

sábado, 26 de janeiro de 2008

O Samba dos Sentimentos.

Hoje o que é real vai virar samba,
e se esconder atrás da fantasia.
A tristeza vai dançar na corda bamba
e se perder no meio da alegria.

A maldade vai querer mudar de vida,
e brincar de ser feliz com a bondade.
A ilusão vai sacudir essa avenida,
pra emoção contagiar toda a cidade.

Não vale sentimento que não sente,
Nem conta sonho que não acontece.
O samba tem que ser bola pra frente,
Do jeito que quem ouve, nunca esquece.

O medo e a coragem vão cantar
no coral de formatura da esperança.
A paixão vai esperar o amor passar,
sentir saudade do seu tempo de criança.

Se de repente, a solidão aparecer
e fizer cena porque não foi convidada,
só a vergonha ela irá reconhecer,
já que a dor tentou entrar e foi barrada.

Não vale sentimento que não sente,
Nem conta sonho que não acontece.
O samba tem que ser bola pra frente,
Do jeito que quem ouve, nunca esquece.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ode à inspiração.

De onde vem essa musa errante, que se apresenta sob a forma de uma aliada invisível? E por que razão ela insiste em elevar meus sentidos, entrelaçar meus pensamentos, materializar meus sonhos outrora impossíveis e superar o medo presente da indiferença alheia?

Quais são os interesses ocultos que ela pode ter em fornecer seu brilho gratuitamente? Ao questioná-la com esse ar desconfiado, sei que posso ofendê-la, mas prefiro perdê-la verdadeiramente a mantê-la inerte, como erroneamente fiz com algumas das musas reais que tive, e que hoje são somente lembradas como ilusões passageiras em minha vida.

E se ela se mantiver mesmo assim, tão nobre? Que eu me entregue então eternamente a essa misteriosa, que já imaginei como se fosse uma amiga fiel, uma amante voraz, ou uma paixão desconhecida; essa que é a tempestade que devasta em minutos minhas linhas em branco, transformando-as em versos; essa, cujas carícias proliferam perfeitas no íntimo do meu ser. Essa, a quem simplesmente chamo INSPIRAÇÃO.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Seresteiro em minha alma.

Sempre me achei parecido com meu pai. Inferior em muitos aspectos, evidentemente, mas parecido. Até nossos nomes são parecidos, aliás, seriam idênticos, não fosse o Junior que sempre foi a razão do "Ju" com que ele carinhosamente iniciava nossas conversas e um detalhe caprichoso que fazia o Luiz do nome dele ser diferente do Luís do nome que ele me deu. Se constituí uma família maravilhosa, é porque ele me ensinou que isso era a base de tudo. Se tenho um emprego digno, é porque ele foi a prova viva de que é possível se ganhar a vida honestamente. Se hoje canto para alegrar pessoas é porque me alegrava ouvir ele cantar. Se toco violão, é porque aprendi no que ele um dia nos deu, vendo e ouvindo meu avô materno tocar. Se com a música me tornei boêmio, é porque ele foi e será para sempre o Seresteiro em minha alma. A cerveja que aprecio nas reuniões com os amigos, tomei o primeiro copo com ele. Se fui campeão de xadrez, foi porque, mesmo sem saber jogar, ele nos deu um tabuleiro e peças quando éramos crianças. Se fui campeão de futebol de botão, foi por causa dos treinos com ele no tapete da sala de estar da nossa casa. Até campeão sãopaulino ele me ensinou a ser, depois de me fazer criar gosto pelo futebol nas disputas de gol a gol, no corredor de casa. Todas as oportunidades, ainda insuficientes, porém sinceras, que tive de ajudar alguém, ajudei porque a vida dele foi doação. As únicas coisas que não herdei dele foram os defeitos, até porque, acho que ele não os tinha. Esses são meus, sem dúvida. Mas, como ele mesmo me disse, em um dos nossos últimos diálogos, eu ainda tenho bastante crédito com ele. E é por isso que vou continuar carregando, com muito orgulho, enquanto a vida assim permitir, o nome honrado de Italo Bovo. E em cada palco que eu cantar, em cada cidade que a estrada me levar, em cada porto que eu atracar, ou em cada aeroporto que eu pousar, meu olhar buscará no horizonte o sorriso franco que ele exibia ao me ver chegar, e aquele semblante de Paz. De Pai para Filho. Para sempre.