quarta-feira, 2 de abril de 2008
Memórias da saideira do posto de gasolina.
Antes daquele indivíduo misterioso - um alter ego qualquer que se manifesta nas madrugadas de segunda para terça-feira - decidir interromper o sossego em que ela se encontrava naquela geladeira do posto de gasolina da esquina, ela era apenas mais uma latinha de cerveja em meio a tantas outras. Tranqüila, em busca da temperatura ideal, sonhando em ser o primeiro gole da noite de alguém, o qual normalmente é reconhecido como o melhor dos goles. Pobre latinha... Mal sabia que seria a vítima de um atentado à nobreza da cerveja, que só comete quem já sequer tem vontade de beber, mas que, no embalo dos discursos impensados proferidos na embriaguez, reluta em abandonar a companhia da lata, que naquele momento ímpar, às entranhas cerebrais do alcoolizado, parece ser a única a compreender o incompreensível. E nesse calvário, a pobre latinha, que tanto sonhara proporcionar prazer a alguém em começo de festa, se sente esquentar. E se sente esquecida. E, ao se ver pela metade, quente, sem mais nenhum sentido de ser, sente-se desabar em meio a tantas outras gêmeas infelizes, que também tiveram destino semelhante. Felizes daquelas que saíram cedo da geladeira, em melhores mãos. Ou não.
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Um comentário:
Eternas saudades das saideiras no posto de gasolina... bjusss
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